Onde o mercado está buscando abrigo na crise? IBOV fez sua máxima em junho e de lá pra cá deu pouca alegria aos comprados. Mas como o mercado se comportou num cenário de queda, pra onde o dinheiro flui quando a perspectiva é pessimista? Ou de onde o dinheiro mais fugiu?
O gráfico mostra todos os principais índices setoriais da bolsa ponderados pelo próprio IBOV. A referência é justamente a máxima do IBOV em junho. É possível notar que os setores de utilidades e energia desempenharam muito melhor que o IBOV. Surpreendentemente, o setor industrial também desempenhou melhor que o IBOV. A decepção fica por conta do setor financeiro teve um desempenho neutro em relação ao IBOV. Na verdade não é de se estranhar muito já que o IBOV é muito "bancarizado".
No ponta do Titanic que já está debaixo d'água, temos o setor de materiais básicos puxado principalmente pela Vale e seus satélites, consumo puxado pelas varejistas destaques de queda das últimas semanas, as smallcaps que merecem um estudo a parte e o pior de todos, o setor Imobiliário que sofre um compressão dupla com a alta da selic: diminuem as venda e aumentam custo de construção.
Essa análise mereceria muito mais comentários do que temos tempo e espaço aqui. Mas ela mostra que o mercado está buscando, ou pelo menos não está fugindo, (d)os setores que tem margens mais altas e receitas mais constantes. Bem isso parece óbvio, e na verdade é. O mercado está buscando os setores defensivos. Mas agora temos a evidência científica disso. Uma análise cuidadosa de cada setor mencionado pode ajudar muito no stock picking e ser a diferença entre um 2022 vencedor ou um 2022 em que você irá culpar a política pelo desempenho ruim da sua carteira cheia de empresas ruins.